terça-feira, 24 de março de 2009

Rio 40 graus... purgatório da beleza e do caos

De volta do Rio de Janeiro, "preciso demais desabafar", dizer que não compactuo com a idéia de chamá-lo de "cidade maravilhosa", mas que, apesar do esforço dos cariocas em piorá-lo, "o Rio de Janeiro continua lindo." Porém, o canto que entôo nesse meu retorno é mesmo o que diz "Rio 40 graus, cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos", porque esse, sim, reflete o que encontrei lá.

Acho que a menor temperatura que vi os relógios de rua marcarem foi 30º... e à noite. Não vesti nada que cobrissem meus joelhos ou cotovelos. Não aguentei muito tempo sem ar condicionado, ventilador ou guarda-sol. E esse calor nos diz muito sobre o jeito carioca de ser. Carioca não gosta de trabalhar! Isso me foi dito e repetido por eles próprios, com a justificativa de que o o clima não colabora para isso. Afinal, de onde tirar ânimo para vestir uma roupa compatível com um ambiente de trabalho e pegar um ônibus até lá, sem lembrar que a praia, e sua brisa muito mais agradável, fica logo ali?!

O Rio tem, sim, as suas maravilhas - quase todas naturais. O que dizer da beleza das praias, menos belas que as de Florianópolis, mas também mais próximas da cidade?! Ou das belas vistas, que se conseguem do alto de uma pedra, como a do Arpoador, de um prédio, como os da Beira-Mar, ou de um dos cartões postais da cidade (difícil escolher entre Cristo e Pão de Açúcar!)?!

Mas o trecho da música da Fernanda Abreu que mais reflete o que vi lá o chama de "purgatório da beleza e do caos": um lugar não exatamente bom nem ruim, onde as belezas locais se chocam com as características de uma grande metrópole. É estar num cartão postal, como o calçadão de Copacabana, sentindo o cheiro de mijo, vendo pessoas se prostituindo enquanto os gringos tiram fotos do Copacabana Palace.

Alguns dirão que me decepcionei com o Rio, outros que não o compreendi como deveria. Pois o Rio de Janeiro foi mais que uma viagem turística para mim. Foi uma experiência surpreendente e, por isso mesmo, interessante. Necessária para apagar a imagem global e glamourizada que eu tinha de lá. Lugar para onde eu voltaria para ficar em Ipanema ou Leblon, os bairros mais próximos de Porto Alegre que encontrei. Afinal, é aqui "que eu vivo em paz".